Parente contou que viu policiais militares batendo em estudante de 20 anos que fugia de arrastão no último domingo (23) na Freguesia do Ó. PM nega acusação feita pelos parentes e alega que a vítima teve um mal súbito.
A família de Vinícius Santos Müller acusa policiais militares de agredirem o folião durante arrastão num bloco de carnaval, na tarde do último domingo (23), na Zona Norte de São Paulo. Após a confusão, o estudante de 20 anos foi encontrado caído, chegou a ser socorrido, mas morreu no Largo da Matriz, na Freguesia do Ó.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a Polícia Militar (PM) negou a acusação feita pelos parentes e alegou que a vítima teve um mal súbito durante confusão generalizada no local e que não apresentava sinais de agressão pelo corpo.
Somente o laudo do Instituto Médico Legal (IML) vai apontar a causa da morte de Vinícius; os resultados dos exames ainda não ficaram prontos. Enquanto isso, a Polícia Civil investiga o caso como morte suspeita a esclarecer.
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Família acusa PM
Por telefone, a cunhada do Vinicius contou à reportagem que ele apanhou de agentes da PM durante tumulto causado por ladrões que roubavam celulares e bonés dos foliões. O estudante também foi roubado pelo grupo.
“Os policiais estavam batendo demais nele. A gente não conseguia chegar perto. Quando os policiais se dispersaram, uma amiga nossa tava junto e começou a gritar ‘ajuda ele, ajuda ele, o seu irmão está passando mal’. Ele estava desmaiado por causa das agressões”, declarou a namorada do irmão de Vinícius.
Ela só aceitou falar sob a condição de que seu nome e rosto não fossem divulgados.
“A amiga nossa foi pra socorrer ele e os policiais falaram pra ela ‘some daqui senão vou dar dois tiros na sua cara’. Ela saiu, nós pegamos ele e chamamos o resgate. Chegou e levou ele pra tentar de primeiro socorros. Os médicos tentaram reanimar ele por volta de 45 minutos. Quando foi 17h30 da tarde, os médicos saíram, chamaram o irmão dele e disseram que ele tinha entrado em óbito”, afirmou a cunhada de Vinícius.
2ª morte no carnaval
A morte de Vinícius já é o segundo caso registrado de alguém que morre durante o carnaval deste ano na capital. O primeiro caso de morte durante a folia, que se tem conhecimento, ocorreu na noite de domingo passado. Um funcionário público de 28 anos foi esfaqueado e morreu ao reagir a um roubo de celular após dispersão de um bloco carnavalesco na República, Centro de São Paulo.
A violência no carnaval paulistano deste ano também já deixou sete pessoas baleadas e outras quatro esfaqueadas. Todas as vítimas sobreviveram.
No caso da morte do estudante, a Polícia Civil ainda apura a causa da morte de Vinícius. A investigação aguarda, por exemplo, o resultado de exames periciais para saber o que provocou a morte do estudante.
Segundo a assessoria de imprensa da pasta da Segurança Pública, policiais militares, que faziam a segurança do local e atenderam a ocorrência, informaram que o folião teve um mal súbito durante confusão generalizada na praça.
Como os laudos periciais da vítima ainda não ficaram prontos, o caso foi registrado como morte suspeita a esclarecer no 13º Distrito Policial (SP), na Casa Verde. Apesar disso, a investigação será feita pelo 28º DP, Freguesia do Ó.
Confusão
Segundo informações preliminares do boletim de ocorrência, no domingo Vinicius tinha ido com o irmão, a cunhada e amigos curtir a folia num bloco no Largo da Matriz.
Ainda de acordo com o registro policial, por volta das 16h30, pessoas começaram a correr gritando que estava ocorrendo um arrastão. Um grupo de ladrões estava roubando os pertences dos foliões, como celulares.
Na confusão, roubaram o boné de Vinícius. Ele, seus parentes e amigos tentaram fugir, correndo em direção a escada que dá acesso a uma rua próxima. O estudante, porém, não conseguiu descer com eles.
Vinícius foi encontrado depois ainda na praça do Largo, caído no chão. Pessoas pediram socorro e médicos das tendas o atenderam. Ele foi colocado em uma ambulância, onde foram feitos procedimentos para tentar reanimá-lo, mas o folião não resistiu e morreu.
Segundo o médico que o atendeu, Vinícius não tinha sinais aparentes de agressão pelo corpo.
Além de aguardar o resultado do exame necroscópico da vítima, que irá apontar a causa da morte, policiais civis vão tentar buscar imagens de câmeras de segurança. Eles querem saber se elas gravaram a confusão durante o arrastão.
Até a publicação desta reportagem não havia informações de suspeitos presos pelos roubos.
